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“não tenhas pressa e não percas tempo”
- José Saramago

Trajetória

Prêmio Grão de Música – Obra e Trajetória, 2016


 

Nasci em 1952, em Cornélio Procópio, uma cidade de morros e de ventania.

Morava nos arredores do Cristo.

Talvez venha desse excesso de vento e amplidão, quando menina, um certo avoamento.
Sempre gostei da minha data de aniversário, dia 5 de maio, até que uns e outros – justo eles! – acharam por bem começar a entristecer este dia.

Fui fazendo as coisas da minha vida numa sequência um pouco inusitada. Fui professora e bancária.

Estudei Licenciatura em Ciências na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cornélio Procópio (também ali pertinho do Cristo) e, depois, Medicina na Universidade Estadual de Londrina. O campus era no campo – mais amplidão, mais vento – e era chamado Perobal. Muito orgulhosamente, militei no Grupo Poeira. Fiz especialização em Saúde Pública e quase terminei uma outra, em Reumatologia; apaixonada por Imunologia, queria ser cientista. A clínica acabou vencendo e, durante 18 anos fui médica, para acabar virando artista.Desde 1980 vivo em Curitiba. Nesse mesmo ano a vida me inaugurou como mãe. Fui parindo, homeopaticamente, até os 44 anos. Jonas, Luisa e Clara: belos nomes, belas pessoas. Aprendizado de responsabilidade e entrega, prática do gozo inefável no trivial. A mais radical de todas as aventuras.

Aos 41 anos, me vi escrevendo poesia. Musicaram alguns de meus poemas, e me provocaram a escrever letras de canção: descobri aí minha vocação para o exercício da parceria, essa abençoada modalidade da criação. Ao longo dos anos essas parcerias se multiplicaram, por obra e graça da internet e do grupo M-Música, do qual sou fiel escudeira.

Em 1997, a médica começou a dar sinais de inanição. Deixei a clínica, criei coragem para aparecer num festival de compositores, escrevi roteiros, inventei uns espetáculos de música e poesia, caí na vida.

Participei de várias coletâneas e publiquei alguns livros: um livro + CD de poesia (2002), um songbook digital (2007), um romance histórico (2017), poesia para a fotografia de Dani Leela (2019), um romance pandêmico em parceria com Daniela Francisca Martins (2021), crônicas para a fotografia de Rubens Guelman (2021).

Apaixonada pelo rádio desde criancinha, aconteceu-me, nessa trajetória de imprevisibilidades, virar radialista, em parceria com o jornalista e pesquisador Alan Romero. Em mais uma reviravolta, aos sessenta e quatro, me vi Trainee Senior na Folha de S.Paulo; desde então tenho sido jornalista bissexta e orgulhosa membra dos Focassauros. E, por falar em sauros, ocupo, desde 2018, a cadeira 22 da Academia Paranaense de Letras.

As canções continuam, vez ou outra, sendo gravadas em discos de parceiros e intérpretes. Mais recentemente, alguns singles em plataformas digitais. Em 2016 as canções cuja letra escrevi foram contempladas com a maior honraria com que poderiam sonhar: o Tao do Trio as escolheu como repertório de um álbum. As vozes perfeitas e os arranjos de Vicente Ribeiro me levaram, como criadora, a receber um dos mais prestigiosos prêmios da música brasileira. As meninas e o Vicente, a serem indicados para outro.

Sigo na estrada, inventando novas modas, envelhecendo, plantando amigos, discos e livros. Plantei também uma pitangueira. E, como já tinha tido todos os filhos que me cabiam na presente encarnação, fui feliz para sempre.

Etel Frota

P.S.: Caso precise de um currículo de verdade, baixe aqui o pdf.