O livro de ficção da paranaense tem como pano de fundo um episódio que ocorreu na Ilha do Mel, em 1850
O episódio Cormoran está registrado na história do Paraná. Em 1850, os canhões da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, na Ilha do Mel, abriram fogo contra um cruzador inglês, que rebocava três navios brasileiros, supostamente negreiros. A investida foi comandada pelo capitão Joaquim Ferreira Barboza. O fato serviu de pano de fundo para a escritora paranaense Etel Frota escrever seu primeiro romance, “O Herói Provisório”, pela Travessa dos Editores. O livro será lançado na 15ª FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty, no dia 30 de julho, no espaço Casa Santa Rita da Cássia. A obra ainda será apresentada em Cunha (SP) – cidade natal do capitão Joaquim – na Câmara Municipal; e na FLIBonito – Feira Literária de Bonito (MS), que acontece entre 16 e 19 de agosto. Em Curitiba, o lançamento está previsto para 30 de agosto, na Livraria da Vila.
“O Herói Provisório” é ambientado em Paranaguá (PR), com passagens pelo Rio de Janeiro, Cunha (SP) e Lisboa (Portugal). A autora conta que foram precisos 14 anos de peregrinações nessas cidades, em pesquisas “e muitas crises de rinite”, até a conclusão do livro. Além do militar Joaquim Barboza, outros personagens reais e fictícios têm presença na história de Etel Frota como, por exemplo, Frei Tristão de Almeida e a escrava Ignácia. Frequentam ainda a narrativa, acentua a escritora, a senhora Eulália, o comendador Manoel Guimarães, o poeta Manoel da Fonseca, a enfermeira Maria Rocha, o médico Carlos Thobias e o historiador Antonio Vieira dos Santos.
Num cenário escravocrata, Etel apresenta e inventa Joaquim, “como um herói quando convinha aos poderosos, vilão de uma vilania alheia e bode expiatório de uma crise diplomática de altíssima voltagem, imensamente maior do que sua compreensão, estatura militar e poder de decisão”. Ela acentua que, embora peça de ficção, o livro traça – a partir das relações entre pessoas – “um vigoroso painel histórico e humano, um inquietante borramento das fronteiras entre a historiografia oficial e a narrativa de invenção”.
Etel destaca que a capa do romance, criada pela design Clarissa Menini, traz a imagem da cabeça decepada de Mercúrio, fotografada por Alan Romero, no convento de São Domingos de Benfica, em Lisboa.
Sobre a autora– Etel Frota nasceu em 1952, em Cornélio Procópio (PR), e desde 1980 vive em Curitiba. Licenciada em Ciências e formada em medicina, desde 1998, trabalha exclusivamente como escritora: poeta, roteirista, letrista, com algumas incursões na dramaturgia. Várias indicações e premiações em importantes prêmios de música e teatro.
Em 2002 lançou “Artigo oitavo”, livro+CD de poesia escrita, falada e cantada, com prefácio de Thiago de Mello e produção musical de Rodolfo Stroeter. Sua produção como letrista abrange uma enorme gama de gêneros e parcerias musicais – Iso Fischer, Rosi Greca, Zé Rodrix, Grupo Viola quebrada, entre dezenas de outros. Uma significativa parte dessa produção de canções está reunida no livro virtual “Lyricas – a construção da canção”, lançado em 2007. Desde 2009, vem trabalhando como letrista em parcerias internacionais com os suecos Miriam Aïda, Måns Mernsten e Mats Ingvarsson, e com o finlandês Simo Naapuri.
Importantes intérpretes da cena paranaense e brasileira têm gravado suas canções – Nasi, Ana Cascardo, Maria Bethânia, entre muitos outros. Destaque para o CD “Flor de Dor – Tao do Trio canta Etel Frota”, lançado em 2016. Por este trabalho, o grupo vocal curitibano foi indicado ao 28º Prêmio da Música Brasileira.
É colaboradora da Folha de S. Paulo.