‘Mahadevi’ é uma palavra em sânscrito, traduzida como ‘Grande Deusa’, ou ‘Deusa Mãe’. MAHADEVI – A Árvore da Vida é o primeiro livro de fotos da mineira Dani Leela, com texto poético de Etel Frota. Leela relata em imagens sua experiência como fotógrafa e facilitadora de círculos femininos. O livro de imagens é ‘ilustrado’ com poesia da paranaense Etel Frota. Publicado pela Kotter Editorial, teve eventos de lançamento e exposição de fotos em Curitiba, Guarapuava e São Paulo, entre 2019/2020. A eclosão da pandemia interrompeu a agenda de lançamentos.
Cultuada na Índia desde tempos pré-históricos, a divindade Mahadevi demanda compreensão abrangente: trata-se da essência do feminino, contendo em si paradoxos e contradições. Leela fala sobre os primórdios de seu próprio processo, iniciado muito antes da ideia do livro. “A partir de uma grande perda, a minha busca, inicialmente, foi devocional – santas, mestras, gurus. A caminhada foi me mostrando que Mahadevi é tudo isto, mas também é um ventre, uma árvore, uma travessia”. Fotógrafa profissional, registrou instantes desse percurso. As imagens do processo resultaram em um verdadeiro mosaico de belezas que, enquanto foca mulheres e seus movimentos de procura, “fala igualmente de conexão com a natureza, sustentabilidade, ecologia profunda”, segundo a autora. O livro é o holograma, depoimento, mapa do lugar onde a fronteira entre o terapêutico e o artístico resulta definitivamente esvanecida.
Etel Frota fala do dia em que conheceu Dani Leela. “Nada sabíamos uma da outra. No instante em que abri o boneco do Mahadevi, tomei um susto que me deixou paralisada. A primeira página, vermelho sangue, trazia impressa, em branco, a frase ‘toda dor guarda uma flor’. Eu estava, naquele exato momento, trabalhando em uma coedição do projeto ‘Flor de Dor´, um disco gravado pelo Tao do Trio – todo de canções com letras que escrevi ao longo do processamento do meu luto de mãe – cujo visual é todo pincelado no mesmo tom rubro. A qualidade da parceria, o processo criativo que se instalou a partir daí, é inenarrável. Este livro me trouxe de volta para a poesia, minha primeira casa, da qual andava meio afastada”. Etel Frota escreveu o texto poético, guiada pela narrativa das imagens de Leela. “No princípio, eram as não geografias/ a mandala perfeita/ No princípio, era a mandala ancestral, tecida de raízes, ventos e cabelos.”